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Juros já estão em patamar restritivo, diz economista-chefe do Inter

Rafaela Vitória destaca que é preciso considerar que a inflação não está acelerando e há redução da pressão sobre o câmbio

O momento atual da economia permite que o Banco Central (BC) não suba os juros no encontro agendado para a próxima semana, diz a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, à CNN.

Ela destaca que é preciso considerar que a inflação não está acelerando e há uma redução da pressão sobre o câmbio, além da recente queda do preço do petróleo no mercado internacional.

“A gente entende que a Selic já está em um patamar bastante restritivo. Neste cenário de pressão, em um contexto de aversão a risco, o BC poderia manter os juros constantes”, diz.

A sexta reunião anual do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) acontecerá nos dias 17 e 18 de setembro. Com a aproximação das datas, o mercado refina as suas expectativas sobre a decisão diante da taxa de juros.

Atualmente em 10,5%, a Selic deve sofrer aumento na próxima reunião do BC, conforme avaliação de grande parte do mercado. A expectativa é pela alta de 0,25 ponto.

Vitória reforça que a manutenção da Selic se mostra suficiente diante do cenário de atividade econômica mais aquecida e com Produto Interno Bruto (PIB) alto.

“A Selic no atual patamar estaria suficiente para levar a inflação à meta. Mas, ainda assim, o Copom sinalizou o desejo de fazer esse aperto para reancorar as expectativas”, a economista.

Em sua avaliação, a manutenção dos juros, acompanhada de uma comunicação menos volátil por parte do comitê poderia trazer mais “estabilidade na política monetária e, assim, dar mais potência com uma maior confiança por parte dos agentes financeiros”.

Uma política monetária mais restritiva causa impactos disseminados na economia, principalmente nos setores dependentes de crédito. Segundo a economista, parte desse movimento de encarecimento do crédito já é sentido, visto que a expectativa de alta da Selic já está precificada nas curvas de juros.

A economia brasileira registrou deflação em agosto pela primeira vez em mais de um ano, com queda de 0,02%, mostram dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,24%, se afastando do teto da meta de 4,5% perseguida pelo BC.

A economista-chefe do Inter concluiu ainda uma revisão das expectativas para as próximas reuniões.

“Até algumas semanas atrás, a gente tinha um cenário de Selic constante. Agora, esperamos que o Copom suba os juros. O nosso cenário deve caminhar para três altas de 0,25%”.

Alta dos juros

Parte do mercado avalia que a taxa de juros encerre o ano em 12% e siga em dois dígitos até meados de 2025. A previsão se dá em direção oposta ao corte de juros observado nas maiores economias do mundo.

Também na próxima quarta-feira, o Federal Reserve (Fed) deve dar início a um ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos, atualmente entre 5,25% e 5,5% – o maior patamar em mais de duas décadas.

A expectativa do mercado é por um corte de 0,25 ponto, com indicações de manutenção do afrouxamento monetário ao longo dos próximos meses.

Já nesta quinta (12), o Banco Central Europeu (BCE) cortou os juros também em 0,25 ponto, o segundo movimento para baixo seguido, colocando a taxa básica em 3,5% ao ano.

Analistas ouvidos pela CNN indicam que um dos fatores de maior peso para os juros altos no Brasil é a política de aumento de gastos públicos do governo federal.

Eles explicam que, enquanto o BC sobe os juros para enfraquecer as atividades, o governo faz uma injeção massiva de recursos, como o aumento de salário mínimo.

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