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Número de trabalhadores autônomos bate recorde no início de 2022, mas renda cai

Em média, o rendimento de um trabalhador por conta própria é de R$ 2.021 por mês — é 3% menos do que no mesmo período do ano passado. E o menor rendimento dos últimos cinco anos.

O número de trabalhadores autônomos bateu recorde agora no início do ano, e a renda deles caiu.

Até o 2021, a esteticista Vanessa Sapucaia Lins trabalhava em escritório, numa empresa de segurança, mas a vida deu uma volta completa.

"Eu trabalhava como auxiliar administrativo e fiquei desempregada, veio um corte e eu fui mandada embora, e não consegui mais trabalho formal. Aí eu comecei a me interessar por cursos, me profissionalizei, e vim trabalhar por conta própria", explica Vanessa.

Trabalhar por conta própria vem sendo a alternativa para muita gente que perdeu o emprego e não conseguiu se recolocar. Mas grande parte dessa mão-de-obra ainda está na informalidade. A cada quatro brasileiros que trabalham por conta própria, apenas um tem o negócio cadastrado na Receita Federal — o CNPJ.

O contingente desses trabalhadores no país passou de 25 milhões. Para o trimestre de fevereiro até abril, é o maior número da série histórica do IBGE, que começou há dez anos.

Em média, o rendimento de um trabalhador por conta própria é de R$ 2.021 por mês — é 3% menos do que no mesmo período do ano passado. E o menor rendimento dos últimos cinco anos.

Luciana tinha um trabalho que está em extinção: cobradora de ônibus. Agora, vende roupas numa área de comércio popular de São Paulo. Ela diz que, este ano, tá ganhando menos

"Até que eu vendi bem na pandemia. Mas depois que voltou as coisas a abrir parece que caiu. Eu acredito que seja porque as pessoas entre uma roupa e uma alimentação dá prioridade no alimento", conta.

Segundo o IBGE, a inflação vem provocando queda na renda.

"Você tem um contingente maior de trabalhadores, porém trabalhadores com menores rendimentos. E isso somando-se a isso o próprio processo inflacionário contribuindo para perda em termos reais desse rendimento", explica Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

O economista Renan Pieri afirma que o aumento do trabalho por conta própria é um sintoma da falta de fôlego da economia.

"Usualmente, num processo de recuperação do mercado de trabalho, ele se inicia gerando vagas informais. Isso é um problema. A gente sabe que os empregos formais são de melhor qualidade, protegem mais o trabalhador. A gente voltou para aquele processo de crescimento lento do mercado de trabalho. Enquanto o país continuar crescendo a uma taxa muito baixa é bastante improvável que as pessoas possam contar com o emprego tradicional, com carteira assinada, trabalhando com uma empresa", destaca Pieri.

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